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segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

A ovelha perdida (Ou gente que busca gente).


Ovelha Perdida

Armando Altino da Silva Júnior

Publicado em 08.02.2011

"Qual, dentre vós, é o homem que, possuindo cem ovelhas e perdendo uma delas, não deixa no deserto as noventa e nove e vai em busca da que se perdeu, até encontrá-la?" (Lucas 15:4) (Versão Revista e Corrigida)

"Qual, dentre vós", estas são as palavras com as quais Jesus inicia a parábola da ovelha perdida.

Um questionamento que parece ter uma resposta simples e automática, mas que com toda certeza ficou engasgada na garganta de fariseus e escribas. Este questionamento confrontou estes homens com suas verdades os fazendo acumular maior aversão a Jesus.

Lucas termina o capítulo 14 colocando sutilmente uma crítica aos fariseus e escribas que sendo doutores da lei não conseguiam ouvir a verdade de Deus e tiveram sua reprimenda na seguinte frase, "quem tem ouvidos para ouvir ouça". Já no capítulo 15, ele começa dizendo que os pecadores se juntaram ao redor do Mestre para O ouvir.

É interessante, pois Jesus não está nesta hora em uma campanha de cura e libertação, operando grandes milagres e fazendo maravilhas, mas Ele está apenas ensinando. E aquele povo parou para ouvir Jesus. Escutar o que Ele tinha para dizer. Pararam para ouví-Lo porque Seu discurso era de cura para seus corações, diferentemente dos doutores da lei que os viam como irreversíveis pecadores, sem esperança alguma de aproximação com o Deus vivo.

O discurso de Jesus traz esperança àqueles corações que já não tinham esperança, pessoas que eram excluídas da religião muitas vezes sem saber porquê. É diante desta multidão de pecadores e se dirigindo aos fariseus e escribas que Jesus conta esta parábola.

Quando Jesus faz esta pergunta inicial, é claro que já sabia a resposta daqueles homens, mas Ele queria realmente chamar a atenção deles para a graça de Deus. Jesus sabia que a nossa lógica humana e calculista não nos deixaria abandonar noventa e nove ovelhas em detrimento de apenas uma. Isto não é natural, o natural para alguém que teria um rebanho como este, de médio para grande porte, seria colocar esta única ovelha como prejuízo operacional.

A pergunta ao meu coração é se eu também não entraria nesta lógica sem "graça" de escolher o "mal menor".

Certa vez, fiz esta pergunta em uma aula de Escola Dominical e a resposta foi "ninguém". Ninguém em sã consciência deixaria suas noventa e nove ovelhas para ir atrás de uma. Creio que a pergunta de Jesus é para refletirmos se estamos dispostos a abrir mão de tudo por amor a alguém. Será que não estamos calculando as probabilidades para amar ou não, nos doar ou não?  

"Qual dentre vós?" Esta pergunta de Jesus ecoa em nossa alma.

Jesus está procurando discípulos que estejam dispostos a deixar as noventa e nove ovelhas e buscar sem pensar duas vezes a ovelha perdida. E a idéia aqui não é Missões, sair pelo mundo pregando e resgatando as ovelhas perdidas, a idéia é a de humanidade, de entender o real valor de uma vida.

Podemos ser grandes missionários, pregar em muitas nações para muita gente sem realmente entender o verdadeiro sentido de humanidade. Minha inquietude não é pela resposta que os fariseus e escribas teriam dado a esta parábola de Jesus mas sim, sobre qual seria nossa resposta como igreja de Jesus a esta parábola.

Lembro-me de quando alguns anos atrás recebemos uma pessoa com HIV na igreja. Não precisamos falar nada, a nossa atitude foi a de deixar se perder uma ovelha para manter outras noventa e nove, o mal menor.  

Creio que nossa resposta a esta pergunta de Jesus é um referencial para percebermos o quanto entendemos realmente a mensagem do Reino de Deus. Qual tem sido nossa opção, as noventa e nove, a segurança do abrigo, um relatório gordo, as estatísticas e números ou a única ovelha. Isto não tem nada a ver com desprezar noventa e nove ovelhas mas sim amar cada uma delas da mesma forma ou amar cada uma delas com o amor de um Deus que não só busca a única ovelha, mas vai além, e se torna ovelha por amor.

Que como igreja de Cristo, possamos responder a esta pequena parábola de Jesus como aqueles que não hesitariam em deixar as noventa e nove ovelhas seguras no abrigo para buscar a única perdida.

Reprodução Autorizada desde que mantida a integridade dos textos, mencionado o autor e o site http://www.institutojetro.com/ e comunicada sua utilização através do e-mail artigos@institutojetro.com

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Uma aula sobre a questão de autonomia que todo líder deveria conhecer


Autonomia e liberdade

Guilherme Ávilla Gimenez

Publicado em 08.02.2011

Francis Schaeffer, filósofo e pastor presbiteriano, declarou certa vez que um dos maiores males sociais de nosso tempo é a autonomia. O que a princípio seria uma boa saída para a escravidão social e intelectual se tornou um apelo ao individualismo, egocentrismo e personalismo. Cada um faz o que quer, seja na família, na Igreja e  na sociedade em geral. Filhos saem sem dar satisfação para onde vão,  membros de Igreja não querem prestar constas de sua vida a ninguém e exemplos da famosa filosofia "cada um por si" são cada vez mais comuns.

A autonomia é definida como "faculdade de governar a si mesmo"(AURÉLIO). Sua origem vem de duas palavras gregas: Autos (por si só) + nomós (lei ou território). A Língua inglesa traduziu o termo como home rule que apela para a idéia das leis que são criadas pelo próprio indivíduo e o norteiam pela vida (BEACON). A autonomia poderia ser descrita como uma vida sem prestação de contas onde a pessoa faz o que quer de acordo com suas próprias leis.     

Podemos dizer que Jesus nos ensinou um modelo que se opõe à autonomia. Ele chamou discípulos para segui-lo (Mateus 4:19), os enviou para uma grande missão (Mateus 10:5) mas nunca os deixou sozinhos. Nunca permitiu que eles criassem suas próprias "leis" e mostrando a necessidade de sempre prestarem contas de suas vidas declarou "não vos deixarei órfãos" (João 14:18) e prometeu: "estarei convosco todos os dias, até o fim dos tempos" (Mateus 28:20).

Os apóstolos entenderam essa lição e prova disso é a história da Igreja narrada em Atos em que a prestação de contas e acompanhamento do que acontecia é descrito com detalhes. Dois exemplos conhecidos são os de Samaria e Antioquia. Recebendo informações a respeito do crescimento do Evangelho nestes lugares a Igreja em Jerusalém enviou os apóstolos para que aqueles irmãos entendessem o sentido de prestar contas, de relatar, de pedir autorização e mesmo compartilhar o que estava acontecendo (Atos 8 e 11).

A autonomia não pode ser confundida com liberdade. Esta última é sadia, necessária e imprescindível em qualquer processo. Ela anima, fortalece e dá sentido à existência.  Filhos, líderes, funcionários, membros de Igreja e cidadãos são livres! Você e eu temos esse patrimônio que nos foi dado pelo próprio Deus. Fomos chamados à liberdade (Gálatas 5:1) mas não podemos nos esquecer: não podemos transformá-la em pretexto para uma vida sem prestação de contas, sem regras comuns e sem obediência à Palavra de Deus e normas estabelecidas para o bom convívio social.

Líderes precisam aprender a importância da prestação de contas e ao mesmo tempo o perigo da autonomia. Charles Swindoll propõe quatro grandes perguntas para todo o líder sobre esse assunto:

1 - Você compartilhou seu planejamento com seu superior (seja o pastor, ministro de área ou líder de ministério) antes de compartilhá-lo com qualquer outra pessoa?
2 - Você presta contas de sua vida pessoal, casamento, finanças, planos de futuro a quem?
3 - Você compartilha suas decisões ou suas intenções?
4 - Você tem prazer em prestar contas ou se sente coagido a fazer isso? (The Church Awakening)

Você e eu não podemos ser autônomos em nossa liderança. Prestamos contas de nossa vida a Deus mas também aos nossos líderes. E essa prestação não significa apenas que avisaremos o que já fizemos mas sim que compartilharemos nossas idéias antes de tomarmos nossas decisões.

Precisamos criar uma cultura de compartilhar e prestar contas. Muita liberdade para pensar, criatividade para imaginar mas também responsabilidade para consultar e juntos construir o que é melhor para todos. "Prestar contas é a possibilidade de me submeter em liberdade a alguém que tem autoridade sobre mim para que não seja a minha decisão mas sim a nossa e que não seja o meu planejamento mas o nosso" (Jonathan Gallagher).

Você é autônomo? Ou uma pessoa livre para compartilhar?

Que usemos nossa liberdade para compartilhar nossos sonhos e submetê-los não às nossas próprias leis mas sim às de Deus e às das realidades onde estamos inseridos.

Reprodução Autorizada desde que mantida a integridade dos textos, mencionado o autor e o site http://www.institutojetro.com/ e comunicada sua utilização através do e-mail artigos@institutojetro.com

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Motivações ocultas dos liderados

Marcelo Quirino

Publicado em 08.02.2011

Muitos líderes se perdem entre os conflitos que emergem no seio de suas equipes. Encontram-se perdidos, impacientes e confusos ante a determinados conflitos de liderados que não se explicam, nem se resolvem.

O líder pensa: já estabeleci funções, limitei papéis, admoestei, orei, fiz de tudo para com quase todos e essa problemática não se resolve. Sempre há conflitos que se repetem entre a mesma pessoa ou grupo.

Nesse instante o líder perde a paciência e os"frutos do espírito". O líder-ministro ou o pastor já fez um balanço em todos os aspectos para identificar a raiz de um conflito que não se resolve: aspectos estruturais, funcionais, operacionais, espirituais e nada.

Entretanto muitos líderes se esquecem que suas ovelhas possuem uma mente com necessidades psicológicas ocultas e desconhecidas por até eles próprios.

Uma vez, ao esperar do lado de fora do gabinete de um pastor-amigo para conversarmos, percebi que ele estava dando um aconselhamento pastoral. Era um daqueles ‘passa sabão com jeitinho' que os pastores sempre dão nos membros problemáticos.

Percebi que ele estava pisando em ovos, pois os membros eram antigos e da terceira idade. Havia um mal-entendido entre duas senhoras que o pastor gostaria de resolver. Um disse-me-disse que o líder estava retificando.

A queixa declarada de uma das senhoras - que inadvertidamente tive que ouvir já que estava na sala de espera - era sobre uma função sua que não fora respeitada pela outra senhora. Mas pelo tom de voz, pelas palavras repetidas e pelo conteúdo dos argumentos que sustentavam a queixa da dita senhora, pude perceber que a problemática na verdade era outra: ciúmes. Isso mesmo.  Ciúmes!

Só que o líder-pastor não pôde perceber isso, e estava acreditando que se tratava de um conflito de papéis organizacionais. Mas dessa vez não era. A tal senhora estava com ciúmes ocultos de uma outra que ela julgava inconscientemente mais capacitada para realizar a tarefa e isso é o que determinava o conflito. Um aspecto psicológico oculto e não declarado.

Vejo muitos líderes se perderem nisso. Talvez por espiritualizarem tudo, tornarem as coisas frias demais na gestão, esquecendo-se de aspectos psíquicos ou até mesmo por falta de habilidade de ler essas motivações ocultas de suas ovelhas.

São justamente essas motivações ocultas: inveja, ciúme, egoísmo, medo, receio, dúvidas, dentre outros que podem atravancar um projeto e impedir que a equipe logre o sucesso nos seus objetivos. O líder procura respostas organizacionais quando na verdade aspectos psíquicos latentes estão prendendo um processo organizacional.

E o que fazer? Simples. Empatia neles pra começar. Empatia é a capacidade de se colocar no lugar do outro. Para isso, a audição tem que estar preparada. Há muitos lideres que não sabem ouvir, não sabem ter empatia e assim se tornam presas fáceis das motivações ocultas que embargam projetos.

Cristo fora mestre em pôr-se no lugar do outro e imaginar. Para isso, o líder precisará de três funções básicas: disposição para ouvir e entender, aproximar-se do mundo das ovelhas com suas histórias e formas de pensamento e por fim, criar hipóteses psíquicas a serem checadas para que expliquem o conflito.

Só assim o líder terá recursos para começar a lidar com as motivações ocultas que sempre entravam os ministérios. Numa equipe, o que determina o sucesso é justamente o alinhamento dessas motivações ocultas de todos os membros do grupo, mas como fazer o alinhamento dessas motivações ocultas é o texto para uma próxima oportunidade.

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Série entrevistas: Essa é muito interessante para ser lida do começo ao fim.

Igreja em reforma?

Entrevista com Pedro Palma e Marina Rodrigues

Publicado em 08.02.2011

As muitas mudanças deste mundo pós-moderno trouxeram novas necessidades nas arquiteturas dos templos, quer seja na otimização do seu espaço, na iluminação e na possibilidade da utilização de novas tecnologias. Também trouxe uma maior informação quanto às necessidades de segurança, acessibilidade e de conforto para seus membros.

Então surge a pergunta: Sua Igreja precisa de uma reforma? Necessita de um novo espaço? Se sim, como respeitar o patrimônio histórico e ao mesmo tempo atender tantas novas exigências? Como devo conduzir este processo de construção ou reforma?

Confira a opinião de Pedro Alberto Palma e Marina Brianez Rodrigues. Pedro é arquiteto, graduado pela UFPR, mestre pela USP e doutorando pela USP. Docente na UEL desde 1986 e na Unifil, desde 2001. Entre suas obras mais significativas estão: Twin Business Towers, Aeroporto de Londrina, Aeroporto de Joinville, Aeroporto de Navegantes. Marina é arquiteta, graduada pela Unifil e pós-graduada pela Universidade Estadual de Londrina.

  

Vocês têm percebido uma maior preocupação com a reforma/restauração de templos?

Pedro e Marina - Temos visto nos últimos anos o surgimento de novas igrejas por todo país. Paralelamente, vemos igrejas já estabelecidas aumentarem o seu número de espaços para cultos e celebrações. Como consequência, é preciso um cuidado técnico na adaptação dos imóveis existentes para essa nova função, o que na prática nem sempre acontece. Em menor freqüência estão as reformas dos templos existentes. A cidade de Londrina tem demonstrado esse respeito com o patrimônio histórico através de ações, ainda que isoladas, como o restauro e reforma de vários edifícios religiosos. O restauro é, fundamentalmente, uma operação que pode, a cada momento, sofrer revisões conceituais e técnicas que se fazem necessárias à medida que o trabalho avança e novas dificuldades e fatos aparecem.

Quais os documentos legais são necessários para reformar a Igreja? Há também algum documento necessário após a reforma?

Pedro e Marina - Há uma série de documentos que vão dar resposta às várias instâncias públicas, tanto antes de se iniciar uma reforma e quanto depois de seu término. Porém, penso que o fundamental são as pessoas e profissionais envolvidos na fase de planejamento de uma reforma. Além da liderança (pastor, gestor, tesoureiro), a presença do arquiteto e engenheiro civil formam o grupo mínimo para a concepção da melhor idéia. Na nossa igreja, Metodista Central de Londrina, eu e minha esposa, também arquiteta, somos voluntários para os projetos de arquitetura. Esse é um dos nossos ministérios. Assim, depois do projeto elaborado, os documentos necessários são uma consequência natural e de responsabilidade do arquiteto, como: o memorial descritivo do projeto de gerenciamento de resíduos e o alvará de reforma ou de ampliação.

Quais os cuidados que devem existir com o projeto quando se decide reformar a Igreja?

Pedro e Marina - Em primeiro lugar, o respeito pela memória. A maioria dos nossos templos foram erguidos com pouquíssimos recursos, mas muita crença por parte daqueles que tinham a visão do crescimento do reino de Deus em nossa cidade. Os projetistas devem buscar esse conhecimento antes da elaboração da proposta.

Em segundo lugar, o registro. É preciso que o corpo técnico se atente para isso. Um levantamento arquitetônico e fotográfico completo do edifício atual, tudo em arquivos digitais, para fácil conservação e reprodução.

E em terceiro, o planejamento. Ao elaborar o projeto é necessário levar em conta não só as necessidades momentâneas, mas sonhar com algo maior. Só assim conseguiremos planejar as etapas a serem executadas, considerando-se as várias adaptações que devem surgir.

Quais os maiores desafios para adaptação da arquitetura de uma igreja histórica para as necessidades atuais, principalmente quanto à luminosidade e a utilização de tecnologias?

Pedro e Marina - A luminosidade e a escuridão são expressões básicas de dualidade. A imagem escura e misteriosa da caverna é tão necessária para nossa vida quanto o clarão da luz ofuscante. Hoje, contudo, impõe-se que todo espaço deva ser iluminado conforme os padrões dos escritórios contemporâneos. Na idade média, as catedrais góticas eram planejadas para serem vivenciadas na iluminação fraca que passava através dos vitrais muito acima. E vejam que absurdo, na catedral de Chartres, alguns dos vitrais foram substituídos por vidros incolores para que o bispo pudesse ser enxergado mais claramente. Os arquitetos contemporâneos não são mais capazes de perceber a falta de equilíbrio entre iluminação e escuridão em seus projetos.

Quanto ao uso das novas tecnologias elas devem ser previstas nas reformas, pois sua contribuição é muito grande. O importante é que a infra-estrutura para essas novas tecnologias não interfira naquilo que é a essência, ou seja, a função simbólica do espaço.

Há como combinar técnicas novas com as antigas? Poderia citar alguns exemplos?

Pedro e Marina - Quando se fala em técnicas, estamos falando sobre materiais. Os materiais precisam ser entendidos não apenas de acordo com seu peso e suas medidas, mas também de acordo com suas significações simbólica e arquetípica, e igualmente em seu sentido psicológico. Tijolo não é apenas tijolo e madeira não é apenas madeira. A madeira uma vez cresceu na forma de uma árvore viva, e reconhecemos esse fato quando falamos do "aconchego" e buscamos incorporar sua beleza nos objetos e detalhes da edificação. Por intermédio do uso da madeira, renovamos nossas ligações com a floresta e com o mundo das plantas, do qual dependem nossa vida.

No projeto de reforma do nosso templo chegamos a propor um mezanino metálico para aumentarmos o número de assentos na nave. A utilização do aço seria uma técnica alternativa, sem comprometer a estrutura existente, em concreto armado e alvenaria de tijolos.

Em que situação é melhor construir uma igreja nova ao invés de reformar a antiga?

Pedro e Marina - Um dia desses nosso pastor contou a história de uma igreja, numa cidade pequena, onde o pastor recém nomeado intentou fazer um templo maior. Como não havia outro terreno, ele ordenou demolir o templo atual para o início das obras. Sem planejamento e sem recursos para a nova edificação, o resultado foi que a igreja ficou sem nenhum espaço para suas celebrações e atividades, apenas um conjunto de pilares, como se fossem ruínas ao tempo.

Ao contrário, outro exemplo fascinante, foi a igreja de Saint-Denis, na Île de France, no século XII, que passou por uma reforma através do abade Suger, sendo realizada em três etapas distintas, sobre a velha nave carolíngia. O resultado desta reforma foi simplesmente o nascimento do estilo que, nos séculos seguintes, difundiu-se por todo o continente europeu: o primeiro gótico.

Quais os conselhos para gestores/pastores/líderes que querem reformar a Igreja?

Pedro e Marina - Há cerca de doze anos atrás fui contratado para o projeto de um hotel, que deveria possuir uma filosofia ‘express', uma temática relativamente nova para a cidade de Londrina. Uma das minhas primeiras ações foi me ausentar da cidade e ter contato com exemplares de hotéis pertencentes aos novos grupos de redes hoteleiras, administradas, sobretudo, por capital estrangeiro. Só depois desse conhecimento vivenciado, pude gerar uma proposta arquitetônica que refletisse a nova filosofia de hospedagem.

Cabe à liderança da igreja conhecer bem e saber transmitir as necessidades da reforma aos profissionais. Cabe ao arquiteto expandir seu repertório, visitando espaços religiosos que estejam adaptados às exigências atuais, tanto dos usuários, como dos órgãos públicos.

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Essa é para os meus amigos pastores que se sentem como "Super Homem".

A atual conjuntura tem exigido do pastor tomadas de decisões que em outras épocas não eram cogitadas. A cada dia fica mais comum  em nossas igrejas termos que lidar com assuntos como: eutanásia, tratamento com células tronco, inseminação artificial, aconselhamento de casal com filhos siameses, violência, desigualdade social e outros.

O pastor desse mundo pós- moderno além de lidar com as questões já mencionadas e outras não listadas, ainda tem que desenvolver diversas habilidades. Para poder corresponder com as necessidades do homem moderno, segundo Donald Price em seu livro Conflitos e Questões Polêmicas na Igreja, a sociedade e igreja cobra do  pastor que ele tenha:  mente erudita, coração de criança e pele de rinoceronte.

Amados: sabemos que tais exigências não são possíveis, pois ninguém pode dar conta de tudo o tempo todo. Os desafios da atualidade têm gerado nos pastores desgastes que por sua vez podem ser somatizados trazendo consequências pessoais, familiares, financeiras, e para o reino. Tenho observado que existe um crescente número de pastores que vem desenvolvendo problemas de saúde devido o desgaste como cuidador ou demonstram a síndrome de Burnout ( descoberta na década de 70).

Burnout é uma expressão inglesa ("to burn out" que significa queimar por completo).  É um distúrbio psíquico de caráter depressivo, caracterizado pelo esgotamento físico e mental. O esgotamento está relacionado com o estresse causado pelo "trabalho como cuidador".

O ofício pastoral nada mais é que cuidar (espiritualmente, fisicamente etc.),  segundo Champlim a palavra pastor vem do hebraico que significa cuidar dos rebanhos. O portador da síndrome de Burnout se destaca pela  dedicação exagerada à atividade que exerce, no nosso caso o pastorado. O desejo de ser sempre melhor, ter altos desempenhos, o desejo de valorização pessoal faz com que a vida de cuidador (pastor) se torne uma obstinação e compulsão, levando a um desgaste emocional e físico.

Fisiopatologia do estresse: Em condições de estresse crônico, várias substâncias como cortisol e outros  são  lançados na corrente sanguínea, causando desequilíbrio. A maioria dos óbitos é causada por doenças no sistema cardiovascular e um dos fatores é o estresse.

Alguns sintomas dessa síndrome são:

Sintomas psicossomáticos: enxaqueca, dores musculares ou cervicais, gastrite, úlcera, diarréias, palpitações, hipertensão, suspensão do ciclo menstrual (na mulher), impotência (nos homens), baixo libido tanto nas mulheres quanto nos homens.

Sintomas comportamentais: violência, drogadição medicamentosa, incapacidade de relaxar, mudanças abruptas de humor.

Comportamento de risco (suicídio: conversas que dizem que a vida não vale à pena e questionam: porque Judas não foi salvo? Tal conversa tem como alvo defender o suicídio).

Sintomas emocionais: alto nível de impaciência, distanciamento afetivo como forma de proteção do ego, freqüentes conflitos interpessoais, sentimentos de solidão, irritabilidade, ansiedade, baixa tolerância a frustração, dificuldade de concentração, impotência, declínio no desempenho profissional (pastorado), apatia e negação.

Essa síndrome geralmente é desenvolvida em pessoas que tiveram alto grau de esforço físico ou mental e tiveram ou não pequenos intervalos de descanso para se recuperarem fisicamente.

O que fazer?

Precisamos mudar nossa cultura, pois se não cuidarmos de nós mesmos como teremos condições de cuidar do próximo,... "Ame o próximo como a ti mesmo." - Marcos 12:31.

Muitas vezes dizemos para os membros da igreja buscar ajuda de um profissional e nos mesmos ignoramos isso. Os pensamentos geram os comportamentos, por isso que é de suma importância mudar tais fatores psíquicos e enxergar que não precisamos ser sempre 100%. Existe uma máxima em saúde mental: atrás de todo excesso se esconde uma doença. No nosso caso, pastores,  muitas vezes nos esquecemos que o próprio Deus teve seu momento de descanso, ele é o promotor dessa idéia, o descanso é fundamental para renovar nossas energias e nos deixa abertos para novas idéias e inovações. Com as energias renovadas  ficamos  mais dinâmicos. Viver sem estresse  é impossível, mas podemos minimizá-lo de algumas formas:

1) Tirar férias quando possível: O hábito de recarga das energias é importante para todos os seres vivos, mas algumas vezes deixamos de lado e alguns ficam vários anos sem investir em si através de alguns dias de férias. E outros, ainda quando o fazem querem levar membros na sua viagem de férias. Essa atitude por mais nobre que seja tira a privacidade da família pastoral.

2) Investir algum tempo à atividades que lhe proporcionem prazer: Muitas vezes parece quase pecado falar na igreja que temos um Hobby, pois falar de algo que nos dá prazer além de ir à igreja e ler a  palavra "ainda" é um tabu. Não podemos esquecer que o ministro e sua família precisam de algum tempo  de lazer. Pois esse tempo produzirá descanso mental e uma renovação mental espiritual.

3) Evitar sedentarismo. O  sedentarismo tem sido a causa de doenças como: obesidade, diabetes, problemas cardiovascular, entre outros. A atividade física proporciona ao organismo uma ativação de substâncias que estimulam a circulação sanguínea, causando bem estar físico e mental.

4) Evitar um ministério pautado na produção quantitativa: Somos frutos de uma sociedade competidora, ávida pelo sucesso e muitas vezes entramos nesta correria em busca de produção. Não podemos esquecer que a obra não é nossa e sim de Deus, e no demais nem sempre podemos ter como crescimento somente números, existem outros crescimentos além do quantitativo. Queremos produzir  para o reino e não viver uma vida de apenas ativismo "sacrificando" a nós mesmo, família e igreja.

Que Deus nos ajude a fazer uma bela obra para ele, e se possível com o mínimo de estresse.

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quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

A Escola de José

A estratégia de José

Enoque Caló

Publicado em 08.12.2010

Alguns personagens na Bíblia são verdadeiros gestores, coach e utilizam em sua gestão os princípios universais declarados pelo Criador do Universo.

Nesta reflexão quero usar os versos 24 e 26, do capitulo 47 do Livro que trata do início da humanidade, Gênesis, onde um conhecido gestor, o administrador e responsável pela construção de um dos maiores CD (Centro de Distribuição) que se tem notícia.

O "case" de José era uma necessidade macro e a sobrevivência da Humanidade da época que dependia deste resultado.  O "curriculum vitae" dele talvez fosse de um profissional que não chegaria muito longe, pois apresenta um histórico de altos e baixos e perda de algumas oportunidades de aliança.

Independente dos locais por onde passou, desde a Cisterna vazia, o caminho que percorreu como escravo dos Ismaelitas como um produto que seria negociado assim que chegassem ao Egito e a cadeia. Estas escolas foram importantes para treiná-lo e habilitá-lo para um projeto Maior.

Uma característica marcante era seu desempenho de excelência, ética e responsabilidade com o qual conduzia as atividades que lhe eram delegadas. Isto o levou a assumir uma posição de liderança e de confiança total de seu senhor.

O escritor Richard Foster em seu livro "Dinheiro, Sexo e Poder" trata com muita propriedade os três pilares que a seu ver sustentam a história da humanidade. O conhecimento que eu e você investimos nestes três ícones traduzirá, no futuro, num bom ou mal resultado.

José tinha o poder, o Governo da Casa de Potifar e com certeza aquele cargo de confiança era recompensado por uma situação financeira estável. Acredito que mesmo se ele não tivesse um salário em espécie, todas as necessidades primárias e secundárias descritas na pirâmide do Sociólogo Maslow, eram preenchidas e supridas.

Um dos três tripés foi o teste para a permanência dele na casa de seu senhor. O escravo empreendedor e sua consciência tranquila e comportamento honesto foram a causa de levá-lo a permanecer por mais de doze anos na prisão.

Novamente seu perfil de liderança é revelado e assume a responsabilidade sobre os presos.

Neste novo tempo é perceptível um modelo de liderança sobre pessoas e a Bíblia não conta os detalhes onde José aprendeu estes princípios universais para gestão de pessoas. Tenho certeza que não tinha nenhuma revista HSM, Você S/A, Exame que são literaturas que trazem uma série de artigos valiosos tratando destes assuntos. Onde ele aprendia aqueles conceitos, aquela filosofia? Posso acreditar que a permanência na casa de Potifar, o tempo de prisão foi o momento de José investir em conhecimento sobre gestão de pessoas, agricultura, logística e administração financeira.

Na prisão podemos perceber que a chave para conectá-lo ao Palácio aconteceu num belo dia quando Ele acordou e percebeu na fisionomia dos seus liderados que as coisas não estavam bem.

Quando falo sobre prestar atenção ao estado de espírito das pessoas que estão em nossa volta posso me remeter ao Rei quando fixou seu olhar na fisionomia de Neemias e teve a mesma percepção e reação de José.

José, o preso poderia ignorar por completo seus companheiros de prisão até porque o que ele poderia acrescentar de alívio aos prisioneiros e ainda mais considerando que ele era inocente naquela prisão?

Aprendo que a preocupação pelo bem estar do nosso próximo pode ser a chave para nos conectar a uma situação diferente da que estamos vivendo.

Passaram-se os anos e José depois de habilitado e treinado recebe o convite para resolver um problema real. E era um problema de peso.

Conhecedor da "lei de protocolo", ele se arruma, se prepara para a audiência real e seu comparecimento diante do rei foi bem diferente do comportamento de Mefibosete quando compareceu diante de Davi.

Neste quesito podemos considerar que os personagens tiveram mentores bem diferentes.

O rei o coloca diante do problema e José se propõe a resolver diante dos meios que ele foi ensinado e formatado a crer. A postura de José, a confiança que ele tinha em seu Deus e disposição com que se apresentou para resolver o problema  o transformou no aliado e conselheiro do rei.

Agora José assistente direto do rei, boa casa, comida, mulher, dinheiro, posição e outra série de benefícios que um "diretor administrativo" tem em sua carteira.

Não podemos esquecer que junto com este pacote de regalias estava um problema macro que o responsabilizava pela sobrevivência das pessoas daquele lugar.

O princípio que José usou, descrito nos versos 24 e 26 de Gênesis 47, onde um quinto de todas as coisas foi reservado, guardado como provisão para o futuro.

Portanto aprendo que se eu e você aplicarmos esta "lei do investimento", se pouparmos 20% da nossa receita, estaremos criando uma segurança financeira para administrar o tempo das vacas magras.

Quanto você tem poupado? Ou seu estilo de administração é aquele que sempre gasta mais do que ganha?

É um "case" de sucesso onde os pilares estão firmados: no olhar para as necessidades das pessoas, no uso adequado do poder e na valorização do que se tem nas mãos. 

Reprodução Autorizada desde que mantida a integridade dos textos, mencionado o autor e o site http://www.institutojetro.com/ e comunicada sua utilização através do e-mail artigos@institutojetro.com

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URL: http://www.institutojetro.com/Artigos/estrategia_e_planejamento/a_estrategia_de_jose.html

Site: www.institutojetro.com

Título do artigo: A estratégia de José

Autor: Enoque Caló

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Preparando-nos para o final

Amadas e amados de Deus:

Estamos mais uma vez nos términos de mais um ano. Dentro de mais alguns dias nos reuniremos em Presbitério.
E tem todas aquelas atividades!
Dentre elas, a de rever os atos e as atas dos Conselhos.
Como eu sei que vamos ter registros de desligamento do Rol de Membros, achei melhor publicar aqui a orientação segura do nosso "braço salvador" em legislação eclesiástica, Rev. Mario Ademar Fava.
Então, aqui vai a opinião dele:
.............................................................................

(Iniciando a matéria)



Matéria escrita por: Rev. Mário Ademar Fava
Baixa do rol de membros por indisciplina ou inatividade

Pode-se baixar do rol membros em disciplina e que tenham abandonado as atividades da igreja por mais de um ano?

Resposta

Vejamos o que diz o Art. 24 da Constituição da IPI do Brasil:

Art. 24 - A demissão do rol de membros professos dá-se por:

I - renúncia expressa da jurisdição eclesiástica;
II - transferência;
III - jurisdição assumida por outra igreja;
IV - ordenação para o sagrado ministério;
V - abandono das atividades eclesiásticas por mais de um ano;
VI - exclusão disciplinar;
VII - falecimento.

Parágrafo único - Não se admite renúncia e nem se concede transferência aos que estiverem sob processo ou disciplina.

O artigo trata da “demissão do rol de membros”, apresentando os casos para isso, sendo a ausência por mais de um ano um deles.

Excetuando-se o que está no inciso VI – exclusão disciplinar – todas as outras formas são decisões administrativas.

Portanto, se um membro está sob disciplina, o Conselho deve conduzir o processo até a última instância e não passar para uma ação administrativa.

Quando um membro tem o seu nome baixado do rol por ter estado ausente por mais de um ano e depois reaparece na igreja, passando a freqüentar ativamente e apresentando justificativa da sua ausência (como, por exemplo: passou a residir em local que não lhe permitia freqüentar a igreja, mudou-se para outra cidade na qual não havia igreja, etc.), o Conselho, depois de certificar-se que aquele irmão não se desviou da fé cristã, poderá incluí-lo novamente no rol. Poderá fazer isso porque o seu afastamento se deu por medida administrativa e não disciplinar.

O caso de estar alguém disciplinado (suspenso da comunhão) e não freqüentar a igreja por mais de um ano enseja análise do Conselho sobre seu comportamento. Lembremo-nos que a disciplina visa à correção do faltoso. Se, em vez de arrepender-se e se integrar ativamente na igreja, ele a abandona, o Conselho deve rever o caso, podendo “excluí-lo” do rol, conforme estabelece o Código Disciplinar. Então, a baixa do rol dar-se-á pelo que está no inciso VI, do Art. 24 – “exclusão disciplinar”.

Pergunta

Por que não se admite renúncia aos que estão sob processo disciplinar?

Resposta

Quando um membro é disciplinado, poderá ocorrer: advertência, suspensão da comunhão ou exclusão do rol. Se ele for suspenso, terá que cumprir a penalidade para ser restaurado, mesmo que seja por tempo determinado. Enquanto suspenso, estará sob observação e cuidado do Conselho. É preciso constatar se a disciplina surtiu o efeito desejado.

Se não surtiu, o Conselho poderá manter, aumentar o tempo de suspensão ou excluí-lo.

Se o membro chegar a ser excluído e desejar, mais tarde, retornar à comunhão da igreja, terá que passar por nova profissão de fé, ocasião na qual o Conselho poderá retomar os motivos da disciplina, para verificar se eles cessaram.

Não se aceita a renúncia para não se perder a oportunidade de “tratar da enfermidade espiritual” que acometeu o crente nessa circunstância. Todo processo disciplinar “visa à edificação dos seus membros, à remoção de escândalos, erros ou faltas, ao bem dos ofensores e à honra e glória de Deus” (Art. 3º do Código Disciplinar). Assim, permitindo-se a renúncia de um faltoso, estaremos deixando de ajudá-lo a corrigir-se, a remover o escândalo, erro ou falta.